primeiros estudos sob a direção do bispo D. Manuel da Ressurreição, seu protetor, que soube apreciar seu zelo e seu talento e o destinou ao estado eclesiástico. Mas, em 1780, seu pai mandava-o a Coimbra para estudar Direito. O jovem José Bonifácio não se limitou a este estudo, e aplicou-se às delícias naturais, de sorte que, ao fim de seis anos, obtinha o grau de bacharel das duas faculdades. A parte que tomou na sátira "O Reino da Estupidez" de seu amigo Melo Franco (veja-se anteriormente) prova-nos que já então fizera alguns ensaios de poesia.
José Bonifácio dirigiu-se, enfim, a Lisboa com uma carta de recomendação para o duque de Lafões. Este não tardou a apreciar o talento de José Bonifácio e fez que fosse recebido membro da Academia de Ciências. Por proposta deste cenáculo, o governo admitiu-o entre os sábios que, às expensas do Estado, percorriam a Europa, para fazerem estudos de História Natural. José Bonifácio mostrou-se digno desta confiança. Seguiu as lições dos mais célebres naturalistas do tempo e dedicou-se à ciência com tanto ardor que não tomou conhecimento das comoções políticas de então. Fez-se logo conhecer por memórias publicadas nos jornais franceses e alemães, correspondeu-se com um grande número de eruditos e foi recebido como membro de numerosas sociedades sábias. Foi só em 1800, depois de dez anos de viagens, que voltava a Portugal, precedido por sua fama. O ministro, conde de Linhares, fez-lhe a acolhida mais lisonjeira e deu-lhe a cadeira de Geognosia, na Universidade de Coimbra, e o cargo de intendente geral das minas do reino. Nesta qualidade, fez numerosas pesquisas sobre minas de carvão e cujos resultados acabou apresentando à Academia