O Brasil literário: História da literatura brasileira

das gerações futuras que descobrirão esta baía, vão povoá-la e torná-la célebre. (187)Nota do Autor

O poema de Januário é clássico pela linguagem e a versificação e encerra numerosas passagens que traem um grande talento de invenção, como a descrição dos trabalhos imensos de Niterói, fazendo transportar por animais gigantescos do mundo primitivo, os megatérios e os mamus, blocos de rochedos destinados a proteger e a defender a baía. Januário aproveita-se da oportunidade para dar-nos uma descrição brilhante do golfo em seu estado atual. Mas a fábula em si, e os ornamentos que o poeta acrescenta, trazem sempre o sinal da imitação servil e não podem ser compreendidos sem o auxílio de comentários. Sente-se aqui mais o trabalho assíduo de um sábio humanista, que a criação natural, e, portanto, acessível a todos, de um gênio poético. Convém ainda observar a passagem final da profecia de Glaucus, em que o poeta, malgrado seu constitucionalismo, dá-nos prova de sua adesão à monarquia, celebrando a união já abençoada de D. Pedro I com a arquiduquesa da Áustria.(188) Nota do Autor

A sátira e o epigrama parecem ter sido o gênero da preferência de Januário. Mas ele aqui deu de tal modo curso a suas antipatias políticas e encheu-os de