O Brasil literário: História da literatura brasileira

então, tinha-se feito notar pela pureza de seus costumes e por seus grandes conhecimentos.

Seu talento oratório valeu-lhe uma reputação tão grande, que a 17 de outubro de 1816, era nomeado pregador da Corte. Seus sucessos foram aumentando, cada vez mais, e durante vinte anos, sua posição era de sucessor e êmulo de São Carlos, de Sampaio, de Netto e de Januário da Cunha Barbosa. Ao fim de sua carreira, Monte Alverne sobrepujava todos estes homens eminentes.

A natureza o havia dotado de toda as qualidades que fazem o orador: espírito profundo e penetrante, muita energia, imaginação viva e fértil, sensibilidade excessiva, suscetível de entusiasmar como hábil de comunicar-se, enfim um porte imponente, gestos cheios de nobreza e voz das mais sonoras. Seus estudos haviam acrescido muito a estas vantagens naturais e lhe davam a consciência de seu valor.

Não contente de ter estudado os modelos de eloquência portuguesa, Monte Alverne empreendeu só e sem gramática, o trabalho hercúleo, como ele próprio o classificou, de aprender também o francês, e chegou a compreender e apreciar todas as belezas do estilo dos Bossuet e dos Bourdaloue. O conhecimento da língua francesa foi-lhe, além do mais, de grande utilidade nas suas pesquisas filosóficas. É aos autores franceses que deveu poder afastar-se da escolástica para aproveitar-se dos resultados da Filosofia moderna. Como professor, desta ciência, Monte Alverne também exerceu grande influência, e os mais ilustres escritores do Brasil gloriam-se de terem sido seus alunos. (203)Nota do Autor