Malgrado este conhecimento das opiniões dos sistemas modernos, e malgrado suas pesquisas filosóficas, sua fé não hesitou um só momento e o sentimento religioso sempre foi o móvel de todas as suas ações.
"Quase todos os meus discursos" diz ele "possuem uma ideia geral de que decorrem todas as outras. E esta ideia geral, este pensamento comum é a religião".
Diga-se, de passagem, que este fato deu a seus discursos, como ele próprio confessa, uma certa monotonia, mas é a monotonia da convicção, a monotonia de uma alma reconciliada consigo própria, a monotonia, enfim, do entusiasmo por uma única e grande ideia. E o espantoso é que Monte Alverne tenha sabido variá-la a tal ponto, de modo a transformar-se em tão abundante fonte de harmonia.
Esta fé tão viva deveria no entanto sofrer rude prova. Esta luz que seu entusiasmo havia acendido nele e de que ele iluminava os outros, deveria estar em estado de fazer-lhe suportar a longa noite a que estava condenado. Eis suas palavras no tocante a esta catástrofe: "No fim de 1836, achavam-se terminados os meus estudos literários e eu impossibilitado de empreender o mais insignificante trabalho.
Não é dado a homem algum avaliar as agonias do meu coração n'essa horrível peripécia da minha vida... Deus chegou aos meus lábios a taça da tribulação; suas fezes talvez não estejam ainda esgotadas. A vontade do Senhor seja feita."
Monte Alverne viveu 18 anos numa noite completa e só por uma vez franqueou o recinto do convento.