pensamentos fortes e precisos, às vezes, mesmo estremecidos de uma ponta de epigrama, muitos são naturalmente aforismas políticos e um número maior ainda anunciam uma moral das mais severas. No entanto, as máximas puramente filosóficas são as mais fracas, visto que lhes falta profundidade e originalidade. Além disto, é de supor que numa coletânea destas se encontrem numerosas repetições e lugares comuns, de sorte que ele ganharia muito se as despojasse de boa parte delas.

Resta-nos falar de um homem que merece o nosso reconhecimento como escritor elegante e, antes de tudo, como lexicógrafo. É o autor do mais completo dicionário da língua portuguesa, Antônio de Morais e Silva, nascido no Rio de Janeiro entre 1756 e 1758.(206a) Nota do Autor Depois de ter frequentado as escolas de sua cidade natal, dirigiu-se a Coimbra para estudar Direito, e obteve o grau de bacharel. Um acontecimento fútil em si levou-o a ocupar-se de linguística: seus amigos zombavam frequentemente de sua má pronúncia e de seus numerosos erros de linguagem. Morais resolveu vingar-se e pôs-se a estudar a língua materna com tanta energia, que logo mais, podia não apenas zombar dos regionalismos de seus condiscípulos, como ainda corrigir os erros de seus professores que, de acordo com a moda vigente, permitiam-se não raro o emprego de galicismos.