poesias, livre de qualquer entrave, o que o animava, seu ser inteiro. Não vemos aqui mais do que a necessidade que um poeta sente de não se fiar, a não ser nas suas próprias forças, pois só elas podem dar-lhes consciência de si mesmo e desenvolver toda a sua originalidade. Mas é preciso que se tenha força e originalidade para responder a semelhante apelo.
Damos aqui, como provas deste poder, a poesia de Magalhães intitulada "Deus e o Homem" em que descreve o entusiasmo que o tomou no cume dos Alpes. É poema cheio de grandes imagens da onipotência de Deus e do destino do homem, de pensamentos sublimes sobre o infinito e a imortalidade, e finalmente os seus votos mais ardentes pela prosperidade da pátria. A "Ode à Velhice", não é menos tocante. Ela lhe dita o fatal. Basta, mas consola-o, fazendo-o ver os mistérios da vida eterna, o despertar no seio de Deus. Que expressão verdadeiramente elegíaca, o poeta não nos deu da curta extensão da vida humana, ao pensamento que o agarrava, fazendo a sua última poesia que poderia ser o seu "canto de cisne".
A mais conhecida de suas produções é a dirigida a Napoleão em Waterloo. Pode-se não concordar com a ideia do poeta que, na última frase principalmente, fazia de seu herói um apóstolo da liberdade, mas força é que se reconheça que conseguiu pôr em sua ode toda a grandeza e a energia próprias à situação e ao caráter do imperador.
O tom elegíaco que se revela em todas as suas produções, a predominância da reflexão e da especulação e a tendência a consolar-se das misérias e das dúvidas da vida pela crença na eternidade e num cristianismo positivo são expressas, ainda mais fortemente, num segundo livro publicado em Paris (1858 in-12)