O Brasil literário: História da literatura brasileira

pedir socorro imediato ao seu tio. Mem de Sá partiu a 18 de janeiro de 1657 e sua frota apareceu na baía de Niterói. Vendo isto, Aimbire prevê a perda próxima dos seus. O luto nos olhos, contempla as montanhas que dominam a baía e saúda-as pela última vez. Depois, envia um olhar para a esposa e a filha e despede-se delas como se para sempre. Então, se põe a examinar os navios estrangeiros e as lágrimas que a dor não pode arrancar as suas pálpebras petrificam-se em seu coração. A uma pergunta de Ernesto sobre o que ele se decidiu a fazer, parecia sair de um sonho doloroso e ordena à metade do exército de esperar o inimigo nas trincheiras de Uruçumirim, enquanto que ele defenderá as de Paranapicuí.

No dia seguinte, os portugueses desembarcavam. Era o dia de S. Sebastião. Precipitam-se nas trincheiras de Uruçumirim, invocando o seu nome. O combate é terrível, mas a vitória sorri aos europeus e, para torná-la mais completa, Estácio corre para atacar as trincheiras de Paranapicuí. Aimbire esperava-o ali. A luta é ainda mais encarniçada porque se tratava da vida de um povo. Aimbire combate ainda em meio a alguns guerreiros. Iguassu, que não quis deixá-lo, é atingida no peito e expira sem soltar um grito. Então, o indomável tamoio detém-se por um momento. Vê Estácio e uma flecha logo vinga a sua esposa. Aimbire apanha o seu cadáver, põe nos ombros, brande a pesada maça e grita: "Sou tamoio e tamoio quero morrer e morro livre. Possa perecer comigo o último dos de meu povo, que nenhum cairá escravo dos portugueses. Ninguém terá a glória de me haver tirado a vida."