Os indígenas, com efeito, jamais tiveram cultura literária propriamente dita. A esse respeito, apenas poderíamos assinalar alguns poemas épicos e líricos, hinos religiosos ou guerreiros ou simples melodias para regularem suas danças e por onde davam vazão aos seus instintos poéticos e musicais. Tais devem ser as únicas produções que podemos lobrigar nos dialetos indígenas.
Foi só indiretamente que os habitantes primitivos do país, mercê de sua união com os colonizadores e das várias raças híbridas (mamelucos e mestiços) que daí se derivaram, é que exerceram sobre o desenvolvimento do caráter brasileiro e, por conseguinte, sobre a literatura deste povo, uma influência que vinha ainda aumentar a natureza rica e grandiosa do país. É assim que ao fim de dois séculos o caráter nacional dos brasileiros e, portanto, o de sua literatura, diferia essencialmente do dos portugueses.
Esta exposição dos elementos que concorreram a formar a literatura brasileira nos conduz naturalmente à divisão em períodos que iremos indicar:
1° período — Da descoberta do Brasil até o fim do século XVII. Os jesuítas principalmente introduzem a cultura literária trazida da Europa. Os colonizadores portugueses e seus descendentes imitam servilmente os modelos portugueses e espanhóis.
2° período — Primeira metade do século XVIII. A cultura literária se estende e ganha raízes. Fundam-se sociedades literárias, mas, não obstante algumas veleidades de independência, continua a imitação pura e simples dos modelos portugueses.