porém mereceu um lugar no Panteon brasileiro por suas "Poesias americanas".
Ultrapassou seus predecessores e mesmo o mais próximo, Araújo Porto Alegre, cujas "Brasilianas" lhe haviam apontado o caminho a seguir. Não se contentou em descrever subjetivamente a impressão que lhe causaram as particularidades da natureza e dos costumes brasileiros. Identificou-se objetivamente com as vistas e as expressões dos indígenas. Ora o vemos como um vate índio (piaga ou pajé) explicar e conjurar visões, ora entoar cantos guerreiros ou cantar os sacrifícios e os combates sangrentos, ora como um marabá lastimar a sorte desta raça mestiça que os indÍgenas desprezam, ora jovem índio falar dos encantos da mãe de água que, tal qual as sereias, o arrasta em seu túmulo úmido. Ele está no melhor caminho para criar uma poesia verdadeiramente nacional, revestida de uma forma apropriada, ao gosto de nosso tempo.
Não é do espantar que estas "Americanas" hajam adquirido grande popularidade no Brasil,(260) Nota do Autor elas satisfarão igualmente o gosto dos leitores europeus.
Este novo caminho épico e objetivo leva Gonçalves Dias a dar numa epopeia um grande quadro da vida indígena, de que não havia revelado até então mais do que alguns fragmentos, semelhantes aos quadros do gênero, mas de grande efeito. Com esta finalidade, escolheu contendas - não podemos chamá-las de guerras - entre duas tribos indígenas, Timbiras e Gamelas. Parece ter evitado a intervenção de elementos europeus para poder reproduzir a vida dos