O Brasil literário: História da literatura brasileira

ama! Dei-te minha alma e ofereci meu corpo, expondo-me a castigo terrível. A "Nebulosa" e minha mãe o sabem. Uma, no fundo do mar escuta minha voz, outra escuta-a acima das nuvens. Amei-te apaixonadamente, amo-te ainda com toda a força de minha alma!"

Tarde demais, o "Trovador" reconheceu o que perdera, o que uma paixão cega lhe havia arrebatado. Tarde demais, porque o seu coração está seco e semelhante a um deserto que o orvalho do céu desconhece. Pede, no entanto, à "douda" que viva e esqueça. Mas esta grita em êxtase, enquanto o trovão anuncia a tempestade e a lua desaparece: "É contigo que eu morrerei, sou tua noiva, tu me verás em toda minha beleza. O leito nupcial já está pronto no império da "Nebulosa", despertemos. Ao triunfo! ao amor! à felicidade! à gloria!"

Ternamente abraçados, exalando suas almas, num beijo, o "Trovador" e a "Douda" precipitam-se no mar.

A tempestade rompe. A natureza está em revolução. Uma horrenda nuvem envolve a rocha negra... (Tudo é trevas... horror... borrasca e morte)

O epílogo descreve a manhã seguinte a esta noite monstruosa. A tempestade se acalma, o mar é tranquilo, o céu sem nuvens, a natureza inteira respira paz e alegria, parece renascer.

Só dois infelizes aproximam-se da rocha negra. Sua ansiedade, seu desespero feroz, formam um contraste chocante com o que os envolve. A mãe do "Trovador" e seu amante chegaram muito tarde. É em vão que a primeira chama seu filho. Os soluços da jovem são a única resposta a estes chamados. Ela encontrou, à margem da praia, os restos da harpa. Beija-os e cai acabrunhada. De repente, a mãe do "Trovador" grita-lhe: "Ingrata! maldita sejas!" Depois, se afasta com o coração partido de dor.

Vimos acima que classificamos este poema na poesia lírica descritiva; cremos que só deste ponto de vista