"No fundo do mar, no palácio de ouro da "Nebulosa", junto às fadas imortais encontrarei a harpa. Do nosso féro algoz nos lembraremos, as vagas levar-te-as até ali, depois voltarão para levar-me também." A estas palavras a "Douda" atira os fragmentos da harpa no abismo.
Reconhece então O "Trovador", apavorado, que ele não respondeu a este amor, que não chegou mesmo a notá-lo, que o coração da "douda" estava também partido e corria ao encontro da morte tal qual ele. Vê que cometeu para com a pobre moça a falta que imputa à "Peregrina". E a "Douda" suportou até aqui a dor, sem se queixar, sacrificou-se por seu amante, que não duvidava de nada, mas, enfim, falou: "Saiba que ninguém mais me impõe o silêncio. O poder das fadas é grande, porém não pode nada contra o amor. Ele emana de Deus que anima o universo, elas estão submetidas a esta paixão, elas amam e quando o fazem é para a eternidade. O amor é um fogo devorador e só lhes traz desgraça e morte. Oh, "Trovador"! não me compreendes ainda? Sou fada e vou morrer. Porque? — Não o sabes? Cego. jamais me observaste, abre ao menos os olhos, beija uma moribunda! Criança, já te amei sem que eu o soubesse. Jovem, tua imagem mostrava-se a mim em meus sonhos, mas tu, escravo de outro amor, não me mostraste mais que uma fria indiferença. Eu te amei ainda mais, segui-te por toda a parte, embriaguei-me com os teus cantos, tornei-me a confidente de teu amor, que me fez mártir; se eu o tivesse podido, eu vos teria reunido com minhas próprias mãos. Nunca te pedi mais que um sorriso de agradecimento, cheio de mágoa por mim. Amei, chorei, e sacrifiquei-me; E tu, ó "Trovador", não viste nada! Portanto, eu te amo sempre, como o ar ama a flor, os pássaros amam a aurora, o tornasol ama o sol, os anjos, o céu. Tua voz acorda ecos em meu seio, meus olhos brilham ao fogo dos teus. Eu te amei como ninguém