O Brasil literário: História da literatura brasileira

Teríamos preferido ver o poeta dar à sua obra o título de amor desprezado ou outro parecido. Chamou-a "Nebulosa" por ser, com efeito, um ser nebuloso, de que fala tantas vezes, mas que não tem influência sobre os caracteres e o desenvolvimento da ação e cujo poder não se manifesta. É absolutamente - e apenas - o fundo de cena. Parece-nos mesmo que o autor não compreendeu bem a natureza e a ligação da "Nebulosa" com seu assunto e seus carateres, que teriam ganho se tivesse afastado este aparelho fantástico, que só existe na imaginação de "A Douda." Ora, com efeito, esta aparição nebulosa e as que lhe prestam homenagem são representadas como fadas desprezadas por Deus e marcadas de um sinal de opróbrio. Ora são fadas vingando o amor desprezado e recompensando-o com uma vida futura cheia de alegrias e de que elas próprias gozam: seres heterogêneos, desconhecidos para a verdadeira poesia popular, que distingue com muito mais exatidão as fadas boas e as más. Acreditamos poder atribuir o colorido misterioso e terrível do quadro a este falso romantismo que os franceses puseram na moda, e que vê o seu verdadeiro elemento no horrível, no fantástico e no misterioso.

O elemento lírico, a pintura dos afetos da alma é o lado brilhante do poeta, coisa tanto mais meritória, que se torna facilmente monótono. Ele soube fazer