progredir e aumentar sentimentos sempre idênticos, no fundo. Leva-os até o êxtase, no sexto canto, no seu final, principalmente. As descrições não são menos dignas. Notem-se particularmente as das regiões em que a ação se processa. O poeta toma aqui por modelo a beleza selvagem e luxuriosa da natureza de sua pátria. É preciso levar à conta da imaginação dos países tropicais numerosos quadros cujo colorido é exagerado para o nosso gosto. (P. ex., a descrição da beleza da "Peregrina.")
É precisamente esta cor patriótica, são estas provas manifestas de um grande talento poético, do encanto de uma dicção florida e de uma versificação melodiosa que deram a "Nebulosa" sucesso tão enorme.
Se juntamos aos escritores precedentes Manuel Odorico Mendes é, por força de sua versificação e de sua linguagem, que lhe deram posição de tanta proeminência. E, em seguida, porque o pequeno número de poesias originais que temos dele provam tanto talento quanto gosto.
Nascido no começo do século, na cidade de São Luís do Maranhão, Odorico Mendes dirigiu-se cedo a Coimbra, para realizar seus estudos. Ganhou a amizade do célebre Garret, seu amigo, e cedo se distinguiu, de tal modo, por seu conhecimento da língua e da literatura latinas, que este o declarou com Manuel Alves Branco e Cândido José de Araujo, o maior latinista do século. Ainda em Coimbra, nosso poeta compôs o seu célebre "Hino à tarde". Voltou à pátria no momento da proclamação da independência e tomou parte na sua regeneração política. Como homem de Estado, adquiriu uma reputação merecida de discípulo assíduo dos antigos e de uma firmeza de caráter verdadeiramente