Gosto de meditar, de dia, às vezes,
Como o ancião,
A quem ideias se erguem do passado
Em borbulhão.
E preferindo não ter nascido para viver esta sede ardente de ver resolvidos os enigmas divinos e as contradições do mundo, dirige-se a Deus, cheio de confiança e espera dele uma libertação próxima:
Ai! praza a Deus que breve,
Tão breve como a flor,
Ardendo o incenso, ardendo
Qual virginal rubor,
Transponha aos céus a alma
Do triste trovador.
Nas poesias de Junqueira Freire, não vemos como nas de Azevedo, as lutas do ideal e da sensualidade acompanhadas de todo o ardor da paixão não satisfeita. Encontramos, pelo contrário, o combate do finito com o infinito, a que o poeta assiste triste e resignado. É com esta resignação que ele canta na poesia intitulada "Um pedido" o jovem que se abandona ao amor com toda a ingenuidade da juventude.
Eu que tenho lutado contra a vida.
Bebido noutro cálice de dores,
Jovem! — não posso meditar doçuras,
Cantar ternos amores.
Eu que nunca senti nos olhos d'alma
O traspassar dos olhos da donzela,
Jovem! — não posso te pintar ardores
Que não senti por ela.
E se eu quisera, disfarçando angústias,
Cantar suave a tua bela Armia,
Jovem! — de todos eu teria em paga
Um riso de ironia.