O Brasil literário: História da literatura brasileira

Gosto de meditar, de dia, às vezes,

Como o ancião,

A quem ideias se erguem do passado

Em borbulhão.




E preferindo não ter nascido para viver esta sede ardente de ver resolvidos os enigmas divinos e as contradições do mundo, dirige-se a Deus, cheio de confiança e espera dele uma libertação próxima:



Ai! praza a Deus que breve,

Tão breve como a flor,

Ardendo o incenso, ardendo

Qual virginal rubor,

Transponha aos céus a alma

Do triste trovador.




Nas poesias de Junqueira Freire, não vemos como nas de Azevedo, as lutas do ideal e da sensualidade acompanhadas de todo o ardor da paixão não satisfeita. Encontramos, pelo contrário, o combate do finito com o infinito, a que o poeta assiste triste e resignado. É com esta resignação que ele canta na poesia intitulada "Um pedido" o jovem que se abandona ao amor com toda a ingenuidade da juventude.



Eu que tenho lutado contra a vida.

Bebido noutro cálice de dores,

Jovem! — não posso meditar doçuras,

Cantar ternos amores.



Eu que nunca senti nos olhos d'alma

O traspassar dos olhos da donzela,

Jovem! — não posso te pintar ardores

Que não senti por ela.



E se eu quisera, disfarçando angústias,

Cantar suave a tua bela Armia,

Jovem! — de todos eu teria em paga

Um riso de ironia.