convento) que lhe é infligida por crimes como o adultério, o incêndio, tentativas de assassinato, na pessoa do esposo, não são de natureza a satisfazer o sentimento moral. Em suma, neste ensaio vemos transparecerem bem os lados fracos do poeta, que ama sacrificar o seu interesse psicológico e artístico ao que há de grosseiro no assunto, e que, para cativá-lo mais, desdenha os quadros dos caracteres e o encadeamento dos fatos.
A Providência, Rio de Janeiro, 1854, 5 partes, é muito melhor. É mesmo o que Teixeira e Souza nos deu de melhor neste gênero. Este romance prova o grande talento de invenção de nosso poeta. Aqui, os carateres são, além do mais, melhor esboçados e desenvolvidos. Com isto, o romancista representa uma verdade chocante e quase trágica, a ideia moral que faz o fundo de sua composição, a vingança tardia, mas segura que detém o criminoso no caminho dos seus crimes. O autor aqui documenta, em particular, sua força que reside nas descrições das localidades e dos costumes. A ação se passa no tempo da colônia, como era de hábito de Teixeira e Souza e nos dá um quadro curioso da vida nas plantações do Brasil. A descrição da cidade de S. Pedro, perto da baía de Araruama e da procissão, que aqui se fazia no século passado à sexta feira santa, é muito viva e tem mesmo alguma coisa de humorístico. ("A aldeia de S. Pedro e a Procissão dos Passos"). Alguma ideia verdadeira e original de uma paisagem brasileira, nos dá a descrição dos "Campos Novos". É preciso dizer, no entanto, que o romance teria ganho muito mais, se o autor tivesse resumido ou deixado de lado numerosos episódios muito extensos, como a narração das viagens ao Oriente de Filipe e do padre Chagas. Era tanto mais necessário que o leitor tivesse dificuldade em seguir o fio da narração, cujo interesse palpitante lhe faz lastimar toda digressão inútil.