procuração, sendo D. João da Madre de Deus nomeado seu sucessor. Este, muito provavelmente induzido pelos numerosos inimigos, que o humor satírico carreara a Gregório, destituiu-o sob o pretexto de que ele se recusava a receber as ordens maiores e a não abandonar o hábito eclesiástico.
Nosso poeta viu-se então forçado a retomar a profissão de advogado; durante longo tempo quase morre de fome, tanto mais que se havia casado com uma viúva honesta, mas pobre, Maria de Povos, cuja tendência à dissipação quase que o arrasta à ruína.
Todavia, dava plena evasão a seu humor satírico e lançava contra os seus adversários os panfletos mais violentos. Não poupava ninguém; nem seus clientes cujas causas defendia com toda a erudição e a perspicácia de que era capaz; nem os juízes, nem o clero, nem mesmo os governadores da Bahia.
Atacou sucessivamente a D. Roque da Costa Barreto, seu antigo protetor; D. Antonio de Souza Menezes, que tinha o cognome de "Braço de Prata", pois havia substituído por um deste metal o que perdera nas guerras de Pernambuco; o marquês de Minas, D. Matias da Cunha e finalmente D. Antonio Luiz da Camara Gonçalves Coutinho. Este irritou-se de tal maneira que Gregório julgou prudente deixar a Bahia e retirar-se a uma casa de campo, onde viveu como Diógenes, evitado e temido por todos. Suas sátiras eram notáveis pelo espírito cáustico, pela ingenuidade maliciosa, e a versificação elegante e fácil; e embora frequentemente cínicas, passavam de mão em mão, despertando o riso de todos, menos dos atingidos.
Vê-se por aí que essa tendência para a sátira foi tão irresistível quanto fatal. Embora tivesse prometido como Ovídio nunquam satira dicam continuou a escrever tal