como o poeta romano. Com efeito, sua esposa o havia conjurado de resistir a seu instinto satírico para não atrair para a família desgraças maiores; em vez de seguir os seus conselhos, tomou-a para alvo de suas sátiras. Esta extravagância não se limitou à vida pública de Gregório, mas exerceu uma influência, às vezes cômica, porém no mais das vezes desastrosa sobre as suas relações domésticas, pois que se seguiram dissensões conjugais e uma ruína quase completa.
Citemos apenas a seguinte cena que dá uma ideia das extravagâncias que se atribuem a Gregório. Os conflitos domésticos tinham se tornado tão fortes que sua mulher tomou o partido de deixar a casa e refugiar-se na do tio. Este procurou reconciliar os esposos; Gregório consentiu imediatamente, mas só se ela viesse pelas mãos de um capitão do mato, como uma escrava fugida. Todos estavam convencidos de que condição tão dura não poderia ser séria, não passando de mais uma excentricidade do poeta, e por isso foi aceita. Mas ele persistiu na sua exigência e tratou de fazer a coisa com o mínimo escândalo possível. Gregório recompensou generosamente o capitão e declarou que todos os filhos que sua mulher lhe desse teriam o nome de Gonçalo, "porque se dissesse que a sua casa era de Gonçalo."(32) Nota do Autor
Quando em 1694, D. João de Alencastre foi nomeado governador da Bahia, Gregório teve permissão de voltar. O novo governador agradou-se com o talento do poeta. Mas ou por ter motivos de queixa das sátiras de Gregório, ou que quisesse apenas poupado à vingança do sobrinho de Camara Coutinho, seu predecessor