O Brasil literário: História da literatura brasileira

que tinha sido tão violentamente atacado, fê-lo prender traiçoeiramente e desterrou-o para Angola. Antes do embarque, deu-lhe não apenas bons conselhos, mas ordenou-lhe que fosse tratado com todas as atenções imagináveis. Muniu-o também de cartas para o capitão do navio e para o Governador da colônia, D. Pedro Jacques de Magalhães.

Estes abrandamentos à sua pena não diminuíram o furor de Gregório, que se via banido pela violência e já em idade avançada; o que lhe suavizou um pouco a travessia foi sua viola, que tocava admiravelmente, e sobretudo a composição de novas sátiras.

Chegado à África, estabeleceu-se em Luanda e retomou a profissão de advogado. Teve logo oportunidade de, numa revolta da guarnição local, prestar grandes serviços ao governador da cidade, de quem se fez amigo. Recebeu dele permissão de voltar a Pernambuco, onde chegou em estado de tal penúria, que se viu obrigado a viver de esmolas.

Neste estado de desgraça, D. Caetano de Melo e Castro, então chefe do governo de Pernambuco, e que tinha apreciado o talento de Gregório quando de sua permanência em Lisboa, compadeceu-se dele. Procurou-lhe um lugar no asilo de velhos e designou-lhe uma pequena pensão, pedindo-lhe que ficasse tranquilo durante os poucos anos que lhe sobravam de vida e que, principalmente, deixasse os outros em paz.

A anedota seguinte prova o que lhe custou abster-se de escrever, e quantas vezes transgrediu as ordens de seu benfeitor.(33) Nota do Autor

Um dia, duas mulatas de má fama e ciumentas, encontraram-se à porta da casa do poeta. Ébrias de furor, a princípio se injuriaram e depois chegaram a