de lã ou de algodão, que as negras cortam e costuram para os trabalhadores do campo. As cozinhas, as oficinas e os quartos dos negros circundam um pátio espaçoso plantado de árvores e de arbustos, em volta do qual há uma passagem coberta, calçada de tijolos. Aí os pretos, jovens e velhos, pareciam um formigueiro; desde a velha ressequida que se gabava ela mesma de ter cem anos, mas não mostrava com menor orgulho o seu fino trabalho de renda e corria como uma menina para que se visse como era ainda ativa, até os pequerruchos todos nus que engatinhavam a seus pés. Esta velhinha recebera a sua liberdade havia muito tempo, mas por dedicação à família dos seus antigos senhores nunca quis deixá-la. São fatos que dão à escravidão no Brasil um aspecto consolador e permitem esperar muita coisa. A emancipação geral é aqui considerada como um tema de discussão a regular por lei para ser adotado. Fazer presente a um escravo da sua liberdade nada tem de extraordinário.
À noite, quando depois do jantar tomávamos o café na varanda, uma orquestra composta de escravos pertencentes à fazenda nos proporcionou boa música. A paixão dos negros por essa arte é um fato observado em toda parte; esforçam-se muito para aprendê-la aqui, e o Sr. Breves mantém em sua casa um professor a quem os alunos fazem honra, na verdade. No fim da noite os músicos foram introduzidos nas salas e tivemos um espetáculo de dança dado por negrinhos que eram dos mais cômicos. Como uns diabretes, dançavam com tal rapidez de movimentos, com tal animação de vida e alegria espontânea que era impossível não os acompanhar. Enquanto durou o baile, portas e janelas se achavam obstruídas por um enxame de gente preta, no meio da qual se destacavam aqui e ali uns rostos quase brancos, pois que aqui, como em toda parte, a escravidão traz