Viagem ao Brasil, 1865-1866

estadia no Rio. O colégio foi outrora um seminário, uma espécie de estabelecimento de caridade em que se preparavam crianças pobres para serem padres. A regra era severa: não havia serventes, sendo os alunos obrigados a fazer tudo por suas próprias mãos, a cozinhar e tudo o mais, e mesmo ir pelas ruas pedir esmolas à moda dos monges mendicantes. Uma única condição se exigia para a sua admissão, era que fossem de raça pura; não se recebiam negros nem mulatos. Não sei por que motivo a instituição foi abolida pelo governo, e o seminário se transformou em colégio. O edifício conserva ainda um pouco da sua fisionomia monástica, embora tenha sido grandemente modificado, e o claustro que o circunda por dentro lembra as suas origens. Era hora de aula quando fizemos a nossa visita, e como não havíamos ainda visto no Brasil um estabelecimento do gênero, o Dr. Pacheco nos fez percorrê-lo. O que aqui se chama um colégio não é, como, entre nós, uma universidade; é antes uma casa de ensino secundário frequentada por jovens de 12 a 18 anos. É difícil julgar dos métodos de ensino aplicados quando se ouve uma língua estrangeira com que se está pouco familiarizado; os alunos se mostravam inteligentes, ativos, suas respostas eram prontas e a disciplina parecia visivelmente boa. Uma coisa, todavia impressiona o estrangeiro quando vê, pela primeira -vez, toda essa juventude reunida; é a ausência do tipo puro e o aspecto doentio desses adolescentes; não sei se é uma consequencia do clima, mas uma criança vigorosa e fortemente sadia é raro de se encontrar no Rio de Janeiro. Os alunos eram de todas as raças, viam-se entre eles negros e de todas as nuanças intermediárias até o branco; e mesmo o professor de uma das classes superiores de língua latina era de puro sangue