bondade de nos fazer ver tudo o que aí há de interessante. A cidade e o porto são muito lindos. A cidade está construída sobre uma ilha formada por dois braços de mar que a envolvem. As terras circundantes são planas e cobertas de mata espessa, mas um pouco baixa.
A palmeira açaí — No jardim do cunhado do Sr. Braga, onde descansamos, vemos pela primeira vez a esbelta palmeira chamada açaí, de onde se retira uma bebida muito estimada no Pará e em todo o Baixo Amazonas. É um curioso espetáculo ver-se um negro trepar na palmeira para colher os frutos, cujo pesado cacho pende justamente embaixo do tufo de folhas que coroa o tronco. Ele amarra aos tornozelos uma corda ou um laço feito da folha seca da palmeira e fixa por esse meio os seus dois pés um no outro, de modo que não possam mais se afastar escorregando sobre o tronco polido. Com auxílio dessa espécie de estribo, ele consegue aderir suficientemente a essa superfície lisa para atingir até a ponta da planta.
Visita ao asilo de órfãos — Acabamos de visitar, com o maior interesse, um instituto para a educação dos órfãos pobres, admiravelmente dirigido. Trata-se aí, não de educar crianças infelizes como colegiais, se bem que recebam instrução elementar, leitura, escrita e cálculo, mas de lhes dar meios com que possam ganhar honestamente a vida. Ensinam-se-lhes vários ofícios; a música e o aprendizado de alguns instrumentos; enfim uma escola de desenho anexa ao instituto completa a sua educação. Perfeita disciplina e escrupuloso asseio reinam em todo o estabelecimento. E isso não era o resultado excepcional de cuidados previamente preparados, porque a nossa visita havia sido absolutamente inesperada. Ficamos extremamente surpresos, pois a ordem e os cuidados domésticos meticulosos não são virtudes brasileiras. É uma consequência do trabalho dos escravos; nada se faz