Viagem ao Brasil, 1865-1866

entrar nos domínios propriamente ditos do Amazonas; pois até então só vi uma décima parte das espécies fluviais que se conhecem nessa bacia e as poucas espécies marinhas que sobem até o Pará. Infelizmente o Sr. Burkhardt está doente e só pude mandar aquarelar quatro das espécies novas que consegui encontrar, quando de perto da metade só se obtiveram exemplares únicos. É absolutamente necessário que, na minha volta, eu faça uma mais longa estação no Pará para preencher essas lacunas. Estou maravilhado com a natureza grandiosa que tenho diante dos olhos. Vossa Majestade reina incontestavelmente sobre o mais belo Império do mundo, e ainda que sejam pessoais as atenções que eu recebo por onde quer que passe, não posso deixar de acreditar que, se não fossem o caráter generoso e hospitaleiro dos brasileiros e o interesse das classes superiores pelos professores da ciência e da civilização, não teria absolutamente encontrado as facilidade que se me deparam. Assim foi que, para facilitar a exploração do rio, do Pará a Manaus, o Sr. Pimenta Bueno, em lugar de me fazer viajar num navio comum, pôs à minha disposição, por um mês ou seis semanas, um dos mais belos vapores da Companhia, onde estou instalado tão comodamente como no meu museu de Cambridge. O Sr. Coutinho é cheio de atenções para conosco e torna o meu trabalho duplamente facilitado, preparando-o de antemão com todas as informações possíveis.

Não quero, porém, abusar do tempo disponível de Vossa Majestade e peço que acredite sempre no mais completo devotamento e na mais respeitosa afeição de seu muito humilde e muito obediente servidor,

L. Agassiz