minha partida do Rio. A primeira coisa que me impressionou, ao chegar à Bahia, foi encontrar aí o terreno errático, como na Tijuca e na parte meridional de Minas que visitei. Aqui, como lá, esse terreno de constituição idêntica, assenta sobre rochas locais as mais diversificadas. Encontrei-o, outrossim, em Maceió, Pernambuco, Paraíba do Norte, Ceará, Maranhão e Pará. Eis, portanto, um fato estabelecido na maior escala! Isso demonstra que os materiais superficiais, que se poderiam designar com o nome de drift, aqui como no norte da Europa e da América, não poderiam ser o resultado da decomposição das rochas subjacentes, pois que estas são ora granito, ora gnais, ora folhelho mináceo ou talcoso, ora arenito, ao passo que o drift apresenta em toda parte a mesma composição. Não estou menos longe, porém, do que estava de poder assinalar a origem desses materiais e a direção do seu transporte. Agora que o Major Coutinho aprendeu a distinguir o drift das rochas decompostas, assegura-me que o encontraremos em todo o Vale do Amazonas. A imaginação mais ousada recua diante de qualquer espécie de generalização sobre esse assunto. E, no entanto, é preciso acabar por nos familiarizarmos com a ideia de que a causa que dispersou esses materiais, qualquer que ela seja, agiu na mais vasta escala, pois que eles se encontrarão provavelmente sobre todo o continente. Já fui informado de que os meus jovens companheiros de viagem observaram o drift nas imediações de Barbacena e Ouro Preto, bem como no Vale do Rio das Velhas. Os meus resultados zoológicos não são menos satisfatórios; e para falar apenas sobre peixes, só no Pará, durante uma semana, encontrei maior número de espécies do que as que até agora foram descritas em toda a Bacia do Amazonas; isto é, ao todo 63. Esse estudo será útil, creio, à ictiologia, porque já pude distinguir cinco novas famílias e dezoito gêneros novos, as espécies inéditas não se elevando a menos de 49. É uma garantia de que farei ainda uma rica colheita, quando