Viagem ao Brasil, 1865-1866

peculiar, destacarem-se da massa da vegetação, alteando-se aqui e ali, acima dela, e recortando-se fortemente no fundo do céu. Há, todavia, uma profusão de outras árvores, cujos nomes até agora desconhecemos, muitas das quais, suponho, não pertencem ainda a nenhuma nomenclatura botânica, e que formam uma densa muralha de verdura ao longo das margens do rio. Ouvimos dizer muitas vezes que a viagem subindo o Amazonas é monótona; a mim, no entanto, parece delicioso marginar essas florestas, de aspecto tão novo para mim, olhar através de sua sombria profundeza, ou por uma clareira onde apenas se erguem aqui e ali algumas palmeiras ou, num relance, surpreender as gentes que vivem nessas povoações isoladas, constituídas por uma ou duas choças situadas nas margens. Conservamo-nos hoje tão perto das margens, que quase pudemos contar as folhas das árvores, e tivemos excelente oportunidade para estudar as várias espécies de palmeiras. A princípio a mais frequente era a açaí, porém agora se confunde no número das outras. A miriti (Mauritia) é uma das mais belas, com seus cachos pendentes de frutos avermelhados e suas enormes folhas abertas, em forma de leque, cortadas em fitas, cada uma das quais, na opinião de Wallace, constituindo a carga de um homem. A jupati (Raphia), com suas folhas em forma de plumas, às vezes de 40 a 50 pés de comprimento, parece, por causa do seu caule curto, brotar quase do solo. O seu porte, semelhando uma jarra, é particularmente gracioso e simétrico. A bussu (Manicaria), com folhas rígidas e inteiriças, de 30 pés de comprimento, mais eretas e fechadas no seu modo de crescimento e serrilhadas nos bordos. O caule dessa palmeira é relativamente curto. As margens desse trecho do rio são geralmente ornadas por duas espécies vegetais formando algumas vezes uma como que muralha ao longo da praia; por