22 de agosto, de manhã; entre Tajapuru e Gurupá.
Prezado Amigo, — O dia de ontem foi para mim dos mais instrutivos, sobretudo no que diz respeito aos "peixes do mato". Obtivemos ao todo quinze espécies, sendo dez novas, quatro também encontradas no Pará e uma já por mim descrita na viagem de Spix e Martius; o que há, porém, de mais interessante é a prova, que tais espécies fornecem, consideradas englobadamente, de que o conjunto dos peixes que habitam as águas desse grupo de ilhas que se chama a Marajó, difere dos das águas do Rio Pará. A lista dos nomes que pedimos aos índios prova também que o número de espécies que se encontram nestas localidades é muito mais considerável que o das espécies que pudemos obter; deixamos, por conseguinte, alguns bocais em Breves e Tajapuru para completar a coleção. Eis algumas observações que lhe farão avaliar melhor essas diferenças se o Sr. as quiser confrontar com o catálogo das espécies do Pará que deixei em suas mãos. Parece evidente, em suma, desde já, que a nossa viagem trará uma revolução na ictiologia. Para começar, o jacundá de Tajapuru é diferente das espécies do Pará; da mesma forma o acará; temos depois uma espécie nova de sarapó e outra, também nova, de jejú; uma nova espécie de rabeca, outra de anoja, um novo gênero de candiru, outro de bagre, outro de acari e uma espécie nova de acari do mesmo gênero da do Pará; e mais uma nova espécie de matupirim. Acrescente-se a isso uma espécie de aracu já descrita mas não encontrada no Pará e teremos contado em Tajapuru onze espécies que não existem nessa localidade, às quais cumpre ainda acrescentar quatro espécies que se encontram tanto em Tajapuru como na Cidade do Pará, e uma que se encontra aí em Breves e Tajapuru. Ao todo vinte espécies, das quais quinze novas em dois dias. Infelizmente os índios compreenderam mal as nossas instruções e só nos trouxeram um único exemplar de cada espécie. Resta muito a fazer, portanto, nessas localidades, mormente