Viagem ao Brasil, 1865-1866

Devo aqui confessar que, vista de muito perto, a Arcádia dissipa muito das ilusões, mas, todavia, é justo acrescentar que o espécime em questão não era dos melhores. As habitações de Tajapuru eram bem mais atraentes, e os habitantes pareciam mais cuidadosos e também menos grosseiros do que os nossos hospedeiros de agora. Seja como for, o quadro neste momento não deixa de ter seu encanto. Como se tem de passar aqui várias horas, armaram-se as redes embaixo do grande alpendre, e alguns dos nossos já se vão preguiçosamente deitando nelas; uma mesa rústica improvisada com uma tábua presa a dois paus bifurcados é colocada a um canto; no outro, os nossos canoeiros repartem entre si as sobras do nosso festim. As mulheres índias, sujas de poeira, vestidas pela metade, com seus cabelos despenteados caindo sobre o rosto, se ocupam com os seus pequerruchos inteiramente nus ou socam mandioca num enorme pilão; os homens, que já voltaram da pesca, tendo a manhã sido melhor que de costume, acendem uma forja rudimentar e se põem a reparar alguns utensílios de ferro; enfim, até a ciência tem o seu cantinho, sagrado para todos, e, enquanto Agassiz procura novas espécies na pesca da manhã, o Sr. Burkhardt desenha os peixes encontrados.



A choça de Esperança

29 de agosto - Descobrimos ontem que o nosso abrigo se torna dos menos agradáveis à proporção que o sol lhe bate em cima, e já que é necessário aguardar a noite para pescar, resolvemos atravessar o lago e alcançar um "sítio" (é o nome que os habitantes dão às suas plantações) situado na outra extremidade do lago. Desta vez demos com um dos melhores modelos da casa indígena. Num dos lados da habitação se estende a galeria