Viagem ao Brasil, 1865-1866

aceso fora, onde cozinhava o peixe fresco para a refeição da família, se refletia sobre o rosto das mulheres e crianças atentas em torno, abrasando também com seus quentes clarões avermelhados a parte inferior do teto de folhas que cobre a cozinha. Do outro lado, uma lanterna acesa num canto do alpendre lançava uma luz vaga e indecisa sobre as redes e as pessoas meio inclinadas, ao mesmo tempo em que o lago e a floresta eram iluminados suavemente pelos raios da lua.

Infelizmente os mosquitos não tardaram a vir perturbar toda essa poesia, e, como o sono entrecortado da noite anterior só nos tinha deixado fadiga, fomos nos repousar cedo. Debaixo de um excelente mosquiteiro, dormi perfeitamente, com um sono calmo e benfazejo. Mas nem todos se lembraram de munir-se do indispensável complemento da rede; mais de um dos nossos passou uma noite miserável, servindo de pasto às hordas vorazes e zumbidoras dos mosquitos. Já era dia feito quando fui acordado pelas mulheres da casa, trazendo-me, com seus bons-dias, um apanhado encantador de rosas e jasmins colhidos nas proximidades. Depois de uma tão amável atenção, não lhes pude recusar o prazer de assistirem à minha toalete, a ainda menos deixar de consentir que abrissem a minha maleta e retirassem dela, um a um, todos os objetos.



Sucesso dos colecionadores – A vida dos índios

A pesca noturna não fôra feliz; porém, esta manhã, uns pescadores trouxeram bastantes espécies novas para darem a Agassiz e ao desenhista ocupação para várias horas; resignamo-nos, pois, sem custo a passar ainda uma noite sob esse teto hospitaleiro. Devo dizer que os costumes primitivos dos índios da melhor classe, na Amazônia, têm muito mais atrativos que a vida pseudocivilizada