contém algumas particularidades sobre os resultados científicos que talvez se julguem dignos de interesse.
A Sua Excelência o Sr. Couto de Magalhães, Presidente do Pará
Caro Senhor,
Agradeço-vos infinitivamente a amável carta que tivestes a bondade de me escrever, na semana passada, e apresso-me em comunicar-vos os sucessos extraordinários que continuam a coroar os meus esforços. De uma coisa estou certo, desde já: que o número dos peixes que povoam o Amazonas excedeu em muito tudo o que se imaginava até aqui, e que a distribuição dos mesmos é muito limitada em sua totalidade, se bem que haja um pequeno número de espécies que nos acompanham desde o Pará e outras que encontramos sobre uma extensão mais ou menos considerável. Talvez estejais lembrado de que, aludindo um dia às minhas esperanças, eu declarara que acreditava na possibilidade de encontrar umas 250 a 300 espécies de peixes em toda a Bacia do Amazonas; pois bem, hoje, antes mesmo de haver percorrido a terça parte do curso principal do rio e tendo-me desviado numa e outra margem apenas algumas léguas, eu já obtive para mais de 300. É inaudito, mormente se se considera que o número total de espécies desta região conhecidas dos naturalistas não atinge ao terço das que já colecionei. Esse resultado deixa apenas entrever de longe o que se virá a descobrir no dia em que se tiver explorado com o mesmo cuidado todos os afluentes do grande rio. Será um empreendimento digno do vosso nome mandar explorar o Araguaia em todo o seu curso, para se vir a saber quantos conjuntos diferentes de espécies distintas se encontram, sucessivamente, desde as suas nascentes até a sua junção com o Tocantins e, mais embaixo, com o Amazonas. Tendes já uma como