governo. É impossível se estar mais bem aparelhados para a comodidade da viagem do que nos vapores do Amazonas. São admiravelmente administrados e de um asseio extremo; os seus camarotes são vastos, embora só deles nos utilizemos para vestir. E bem mais agradável dormir-se na rede, na coberta, que é amplamente aberta. A mesa é perfeita e cuidadosamente servida, e, a comida excelente, se bem que pouco variada. Só uma coisa nos falta: é o pão; mas, a rigor, o biscoito de bordo o substitui. Eis como vivemos: saltamos das redes ainda de madrugada, depois descemos para nos vestir e tomar uma xícara de café. Durante esse tempo, lavam a coberta, arrumam as redes, de modo a que tudo esteja em ordem quando subimos de novo. Enquanto esperamos o almoço, que a companhia anuncia às dez horas e meia, eu estudo português, não sem interromper frequentemente minha lição para olhar as margens e admirar as árvores; a tentação é constante quando passamos perto de terra. Às dez horas e meia, onze no máximo, vamos para a mesa. Já então o brilho do sol é muito vivo, e, habitualmente, me recolho ao camarote; é a hora de pôr o meu diário em ordem e fico escrevendo durante o forte do calor. Às três horas, considero terminado o meu tempo de trabalho; torno um livro e vou para a coberta me sentar na "chaise-longue", donde contemplo a paisagem e me divirto em seguir com os olhos os pássaros, as tartarugas, os crocodilos que se mostram aqui e ali; numa palavra, mato o tempo. Às cinco horas, serve-se o jantar, quase sempre na coberta, e é de-pois do jantar que começam os momentos mais agradáveis do dia. Uma viração deliciosa sucede ao calor do dia, o pôr do sol é sempre magnífico; vou me colocar na proa do navio, e fico aí até nove horas. Vem o chá, depois cada qual volta à sua rede e, da minha parte durmo na rede profundamente até à madrugada seguinte.