beira d’água e se inclina ligeiramente para trás. Em toda esta região, as margens são minadas pelas águas; enormes fragmentos se destacam e desabam sobre o rio, arrastando as árvores consigo. Esses desmoronamentos são muito frequentes e se dão numa extensão considerável; por isso, a navegação muito próxima das margens é perigosa para as pequenas embarcações.
Caráter da paisagem
A paisagem das margens do Solimões está longe de ser tão interessante como a do Amazonas inferior. As ribanceiras são minadas e cheias de barrancos; a floresta, mais baixa, é menos luxuriante, e as palmeiras menos frequentes e belas. Nestes dois últimos dias, vimos algumas apenas; todavia, uma espécie parece ser comum, é a paxiúba barriguda (Iriartea ventricosa) que lembra a açaí pela dignidade do porte e, além disso, se faz notar por uma dilatação do tronco, à meia altura, que lhe dá o aspecto dum grosso fuso; o talho de suas folhas é também característico, cada folíolo tendo a forma de uma cunha. Nosso navio passa agora entre as próprias margens do grande rio; não costeia mais as ilhas tão numerosas e lindas que quebram a monotonia da viagem entre Pará e Manaus. O nosso horizonte se ampliou, mas o que ganhou em extensão perdeu em pitoresco e em detalhe.
Escassez de população - Animais do rio
E agora, acabaram-se as habitações, nada que lembre o homem! Vinte e quatro horas passam-se às vezes sem que avistemos sequer uma choça. Mas, se o homem desapareceu, os animais se mostram em grande número; o surdo bater das rodas faz erguer o voo a numerosas aves escondidas nas margens; as tartarugas projetam