Viagem ao Brasil, 1865-1866

destinava aos seus estudos em Tefé. Por isso, todas as fisionomias se tornaram alegres quando o choque benéfico do temporal nos fez flutuar de novo. Mas os esforços da tripulação, impotentes para nos tirar das dificuldades, tiveram justamente a necessária eficiência para nos conservar prisioneiros: a âncora atirada no fundo lodoso, a uma certa distância da popa do navio, se tinha afundado a uma profundidade tal que não foi possível levantá-la, e toda as tentativas feitas só tiveram como resultado fazer-nos naufragar de novo. Realmente, cercados como estávamos pelo lodo e pela areia, não era fácil achar um meio para sair dali. O navio ficou, portanto, toda a noite imóvel, enquanto a tripulação trabalhava sem descanso; emitira, graças à energia do comandante e à atividade dos seus homens, lá para as sete horas da manhã o navio se viu livre e nós nos vimos chegados ao termo de nossas inquietações. Mas, ai de nós! O velho provérbio: "Da colher à boca..." nunca foi tão verdadeiro. Quando chegou o momento de nos pormos novamente em marcha, verificou-se que, com o choque e os sacolejões a que o navio estivera sujeito, o leme se partira. Em presença desse novo desastre, os passageiros que se destinavam ao Pará tiveram que renunciar completamente à esperança de alcançar o paquete que parte de Manaus; os outros se resignaram a esperar com toda a filosofia que puderam demonstrar. Todo o dia e a noite seguinte foram empregados em improvisar um leme; e só no domingo de manhã, às oito horas, foi que nos pusemos em marcha. Às onze horas, chegávamos a Tefé.