terminávamos a correspondência para alcançar o correio de Manaus, quando o navio estacou subitamente, com essa parada instantânea, pesada, que semelha a morte e anuncia um desastre. Num fechar de olhos, o vapor desviou; mas batemos com toda a força de encontro ao leito do rio e aí ficamos, sem poder mexer. Foi um acidente bem sério, nesta época da vazante: têm-se visto vapores nessa situação durante semanas, e não é fácil evitar semelhante desastre; os mais experimentados pilotos nem sempre o conseguem, pois o fundo do rio varia incessantemente e da maneira mais imprevista; um navio que haja subido com toda a segurança, as passagens do rio, encontra ao descê-lo um espesso leito de lodo no mesmo local. Durante três horas, a tripulação fez inúteis esforços para conseguir recuar o navio ou para nos puxar para uma âncora atirada a uma certa distância para trás. Lá para as cinco horas da tarde, o céu começou a cobrir-se, as nuvens se amontoavam e um temporal violento, acompanhado de chuva e trovoadas, caiu sobre nós. Num instante o vento fez o que nem os homens nem a máquina puderam fazer em várias horas; mal o furacão bateu de encontro aos costados do navio, este oscilou, girou sobre si mesmo e flutuou livremente. Essa salvação brusca e inesperada provocou uma exclamação geral de alegria, pois que para todos os passageiros a demora só poderia ser prejudicial. Alguns destes são negociantes para quem muito importa encontrar em Manaus o paquete de 25 deste mês, que está em correspondência com as linhas do litoral; os membros da comissão científica espanhola se perdessem essa ocasião de baldeação em Manaus, não somente perderiam o próximo paquete para a Europa, como teriam as despesas e os cuidados com a sua volumosa bagagem e o sustento de sua coleção de animais vivos durante 15 dias nessa localidade. Quanto a Agassiz, será uma decepção cruel perder tantos dias do mês que