O resultado, no final das contas, é todo em proveito do que contrata. Quando o índio vem receber seu salário, respondem-lhe que já deve ao senhor a soma dos adiantamentos por este feitos. Em lugar de poder exigir dinheiro, ele deve trabalho. Os índios, mesmo o que vivem nas vilas e povoados, são singularmente ignorantes sobre o valor das coisas; deixam-se enganar a um ponto tal que ultrapassa o acreditável e permanecem presos toda a sua vida ao serviço dum homem, ingenuamente persuadidos de que tem uma grande dívida a pagar quando, de fato, eles é que são credores. Além dessa escravidão virtual, existe um verdadeiro comércio de índios. As autoridades bem que fazem para se opor a ele, mas são impotentes. Uma classe mais moralizada de emigrantes tornaria impossível esse tráfico. Os norte-americanos e os ingleses poderão ser bastante sórdidos em suas transações com os naturais do país; o tráfico das "peles azuis" não lhe deixou certamente as mãos limpas, mas não se quereriam degradar ao nível dos índios como o fazem os portugueses; não se abaixariam a adotar-lhes os costumes.
Micuins
Não me devo despedir de Tefé sem escrever aqui uma palavra de recordação para uma certa categoria de habitantes que não perturbaram pouco o nosso descanso. Foram as insignificantes criaturas chamadas micuins, que se veriam a custo não fosse o vermelho vivo com que se mostram, e que pululam no capim e nas moitas. Eles se alojam por baixo da pele e se acreditaria uma erupção de pequeninas brotoejas. Produzem uma coceira insuportável e com a continuação pequenas feridas dolorosas. Quando se volta dum passeio é necessário passar égua com álcool na pele, se se quer fazer desaparecer o calor e a irritação ocasionados