Viagem ao Brasil, 1865-1866

a nossa recepção, e assistíamos às saudações de boas- vindas dirigidas ao Presidente que visitava a aldeia indígena pela primeira vez. Logo que a embarcação ficou ao alcance da voz, soaram vigorosos vivas: para Sua Excelência o Presidente, para o Sr. Tavares Bastos, objeto de consideração especial na sua qualidade de campeão dos interesses políticos da Amazônia, para o major Coutinho já bastante conhecido pelas suas anteriores explorações da região, para os estrangeiros em visita, para o naturalista e os seus companheiros. Após essa calorosa recepção, a embarcação se enfileirou por trás de nós, e entramos no pequeno porto com grande pompa e aparato.



Um "sítio"

A bonita povoação indígena não dá, à primeira vista, a impressão de um vilarejo. Compõe-se de um certo número de sítios disseminados na floresta, e, embora os habitantes se considerem amigos e vizinhos do desembarcadouro vê-se apenas uma construção: aquela em que nos achamos alojados. Ela domina uma pequena elevação que desce suavemente em direção da lagoa; é construída de barro e só tem duas divisões, a que estão anexos uns grandes alpendres externos cobertos de palha. O primeiro é consagrado à preparação da mandioca; um outro serve de cozinha; um terceiro, embaixo do qual fazemos as nossas refeições, se transfoma em capela aos domingos e dias de festas. Este difere dos demais em ser fechado, numa das faces, por uma bonita tapagem de folhas de palmeiras, de encontro à qual se coloca, nos dias necessários, o altar, os castiçais e as estampas mal impressas em que a Virgem e os santos vêm representados. Fomos recebidos da forma a mais hospitaleira pela dona dessa casa, uma índia velha, cujas joias de ouro, gola de renda e brincos de orelha