Viagem ao Brasil, 1865-1866

da imensidão do seu conjunto. É preciso navegar meses inteiros nessa bacia gigantesca, para compreender até que ponto a água aí subjuga a terra.. Esse labirinto d’águas é bem mais um oceano d’água doce, cortado e dividido pela terra, do que uma rede fluvial. Propriamente falando, o vale não é um vale, é um leito periodicamente descoberto; e deixa de parecer estranho, quando se examinam as coisas sob esse ponto de vista, que a floresta seja menos repleta de vida do que os rios.

Enquanto se discutiam todas essas questões, e se anteviam os tempos em que, sobre as margens do Amazonas, florescerá uma população mais ativa e vigorosa do que aquela que até agora aí tem vivido, -- em que todas as nações do globo terão sua parte nessas riquezas — em que os dois continentes irmãos colaborarão um com outro, o americano do Norte ajudando o do Sul a desenvolver os seus recursos, — em que a navegação se estenderá de Norte a Sul, tanto quanto de Leste a Oeste, conduzindo pequenos vapores até às nascentes de todos os tributários, enquanto assim se faziam cogitações, aproximávamo-nos do fim de nossa excursão.



Recepção na lagoa

Sem darmos por isso, achávamo-nos a pouca distância da lagoa e vimos sair dela uma pequena embarcação de dois mastros, que logo se reconheceu estar encarregada de alguma missão oficial, pois o pavilhão brasileiro flutuava na pipa e os mastros estavam embandeirados de vivas cores. Quando se aproximou de nós, ouvimos música a bordo, e estourar nos ares uma salva de foguetes. É a artilharia favorita dos brasileiros nos dias festivos, tanto de dia como de noite. A nossa chegada havia sido anunciada pelo Dr. Canavarro, de Manaus, que nos precedera de um ou dois dias a fim de preparar