a minha viagem, as minhas excursões aqui; em troca, contaram-me muitas coisas sobre o seu modo de vida. Disseram-me que essa reunião de vizinhos e amigos não era um acontecimento raro, pois celebram-se muitas festas religiosas, cuja natureza não impede que deem ocasião para diversões. Essas festas se realizam em cada sítio por sua vez. Trazem o santo que se festeja, com todos os seus ornamentos, círios, flores, para a casa em que se vai realizar a cerimônia, e toda a população do lugarejo aí se reúne; ás vezes a reunião dura vários dias; há procissão, música, danças á noite. Porém elas dizem que a vida aqui tornou-se agora muito triste: os homens foram recrutados para a guerra, ou então fugiram para o mato para não seguirem; agarravam-nos, asseguravam elas, em qualquer lugar em que fossem encontrados, sem consideração quer pela idade quer pelas circunstâncias. E que poderiam fazer sem eles as mulheres e as crianças? Se os infelizes resistiam, levavam-nos à força, muitas vezes com algemas e pesados ferros nos pés. Esse modo de agir é absolutamente ilegal, mas essas localidades perdidas nas florestas estão de tal modo afastadas, que os recrutadores podem praticar todas as crueldade, sem receio de terem de prestar contas; desde que os recrutas cheguem em boas condições, nenhuma pergunta se lhes faz. As índias acrescentaram que todos os trabalhos do sítio, — fabricação de farinha, pesca, caça a tartaruga, — estavam parados por falta de braços. As aparências confirmam essas declarações, pois vimos muito poucos homens nas povoações e, quase sempre, as canoas que encontramos eram remadas por mulheres.
Vida nas cidades
Apesar de tudo, a vida dessas índias me parece invejável quando a comparo com as mulheres brasileiras