Viagem ao Brasil, 1865-1866

Quando essas palmeiras são novas, os folíolos estão apertados de encontro à parte central, e são rebatidos de modo a só ficarem presos ao eixo por algumas fibras; então, debaixo do seu suporte, ficam caídas como fitas cor de palha, muito lindas de se verem quando são novas, pois o tom delas é muito delicado. Com as folhas assim preparadas, cobrem-se os tetos e fazem-se as paredes das casas. A parte central, forte e tendo muitas vezes quatro a cinco metros de comprimento, é colocada atravessada e serve de friso, enquanto que os folíolos pendentes são uns presos aos outros. Essa qualidade de palha dura anos e protege perfeitamente do sol e da chuva. Empregara-se também outras espécies de palmeira para o mesmo fim.

Ao entrar na aldeia, encontramos o padre que nos convidou a ir descansar em casa dele, e, no caminho, pedimos-lhe que nos mostrasse a igreja. Pode-se quase sempre avaliar da boa ou má condição das povoações amazônicas pelo estado em que se encontra a sua igreja. Na que estávamos visitando, tudo denotava desmantelo: as paredes de barro apresentavam mais janelas do que as que fizeram os pedreiros, mas o interior estava asseado e o altar era mais bonito do que seria de esperar numa aldeia tão pobre como Pedreira parece ser. Talvez estivesse mais bem tratada neste dia do que de costume, devido à solenidade das festas. Estamos ainda na semana de Natal, e o Menino Jesus repousa sobre uma camada de folhas num pequeno berço florido preparado de propósito para essa ocasião. O cura desta pequena aldeia, padre Samuel, é italiano e passou vários anos de sua vida entre os índios da América de Sul, na Bolívia e no Brasil.