há que conheçam a navegação desses perigosos rios, cujo leito é cortado de corredeiras; sem dúvida, o Presidente da província, quando souber da sua profissão, fa-lo-á voltar às suas ocupações.
Coleção de palmeiras
31 de dezembro — Eis-nos de novo a caminho de Manaus, depois de curta demora em Tauá-Péassú, na descida do rio. Durante os dois dias que separam a nossa primeira visita da segunda, o padre Samuel preparou uma certa quantidade de palmeiras para Agassiz. A nossa coleção dessas plantas enriqueceu muito, e, se bem que secas percam muito de suas belas cores, esperamos que lhes reste ainda alguma coisa da nobreza e elegância do porte. Mas mesmo que tal não se dê, servirão para estudo; tanto mais que as suas flores e os seus frutos são conservados em álcool. Acabam mesmo de nos trazer, uma bacaba ou palmeira do vinho (oenocarpus), cujas folhas pendem em cordões carmesins, com bagas verde-claro, de distância em distância: dir-se-ia uma longa fila de coral salpicada de verde que caísse da estipe da palmeira. A inflorescência do coqueiro, que se vê por toda parte, embora não seja nativo, não é menos bela: as flores irrompem de seus invólucros como uma plumagem de pelos dum branco suave e macio; mas uma plumagem tão pesada, pela quantidade de flores que pendem do eixo, que se custa a carregá-la; nem por isso faz um efeito menos pitoresco quando se balança bem no alto da estipe, por cima das folhas. Dentre os traços característicos da paisagem tropical não creio que haja um de que se faça menos ideia, entre nós, do que aquele que as palmeiras nos fornecem. O seu nome é legião. A variedade de suas formas, de seus frutos, flores, folhas, é verdadeiramente maravilhosa, e, não obstante isso, é impossível deixar de reconhecer a sua fisionomia geral. Seguem-se algumas notas