Viagem ao Brasil, 1865-1866

escritas por Agassiz sobre essa família de plantas durante a nossa excursão ao Rio Negro.



Vegetação das margens dos rios Amazonas e Negro

Como grupo natural, as palmeiras se destacam de todos os demais vegetais por uma individualidade e um caráter notavelmente distintos. Todavia, esse caráter comum, que faz delas uma ordem tão nitidamente definida, não as impede de apresentar as mais frisantes diferenças. Como conjunto, nenhum grupo vegetal possui fisionomia mais uniforme; como gêneros e espécies, nenhuma é mais variada, se bem que outros grupos compreendam um maior número de espécies. As diferenças me parecem determinadas, em larga medida, pelo arranjo particular das folhas. Para bem dizer, podem-se considerar as palmeiras como elegantes diagramas das leis primárias que regulam, em todo o reino vegetal, a disposição das folhas em torno de um eixo, leis hoje reconhecidas por todos os botânicos esclarecidos e por eles designadas pelo nome de Filotaxia. O arranjo mais simples nessa matemática do mundo vegetal é o das Gramíneas em que as folhas alternam nos lados opostos dos caules, dividindo o espaço intermediário em duas metades. À medida que o caule se alonga, esses pares de folhas se espaçam cada vez mais no eixo. Somente nas espigas de alguns gêneros é que vemos aglomeradas tão compactamente que formam uma massa terminal comprimida. A palmeira conhecida pelo nome de bacaba do Pará (Oenocarpus distichus) é um belíssimo exemplo desse arranjo de folhas; estas se dispõem aos pares, uma por cima da outra, no alto da estipe, porém em contato imediato formando uma coroa espessa; em virtude de tal disposição, o aspecto da planta difere inteiramente do das outras espécies que conheço. Não sei se existem algumas cujas folhas se distribuam segundo três planos verticais, como acontece para com os