Viagem ao Brasil, 1865-1866

Distribuição dos peixes nas águas amazônicas. Limite de suas migrações

Nos fins desta semana tomaremos de novo passagem a bordo do "Ibicuí”, e desceremos calmamente até Pará, não sem fazer algumas paradas pelo caminho. Desembarcaremos primeiro em Vila Bela, onde Agassiz deseja fazer uma nova coleção de peixes.

Pode parecer singular que, após ter feito há cinco meses, apenas, uma farta coleção de peixes do Amazonas nessa mesma localidade, ele deseje voltar ao mesmo ponto em lugar de dirigir para outro as suas pesquisas. Se para ele só se tratasse de única ou principalmente conhecer a diversidade inumerável desses animais, cuja variedade extraordinária ele sabe que existe como em nenhuma outra parte nesta imensa bacia de água doce, se se tratasse de refazer uma coleção no mesmo local em que já fez a primeira, seria, com efeito, uma coisa supérflua. Uma região ainda não explorada daria, sem dúvida, mais rica colheita de novas espécies. Acumular as espécies é, porém, para ele coisa secundária; a sua preocupação constante foi sempre, desde a origem de seus trabalhos, determinar pela observação direta a distribuição geográfica desses animais, e de se certificar se as suas migrações são tão frequentes e extensas quanto se diz. Eis algumas notas sobre o assunto:

Disseram-me, muitas vezes, que aqui os peixes são nômades e que, em estações diferentes, um mesmo local é ocupado por espécies diversas. As minhas investigações pessoais levaram-me a acreditar que tal asserção se baseia em observações imperfeitas; a localização das espécies me parece ser mais precisa, mais permanente nestas águas do que se supõe. As migrações são realmente muito limitadas. Os peixes não fazem mais do que irem e virem das águas mais profundas para as menos profundas e destas para os baixios,