nossas coleções de plantas, e revigorar, nessa cidade em que passamos três meses tão agradáveis, a recordação que nos ficará de cenas que provavelmente nunca mais veremos. A floresta está muito mais rica em flores do que quando percorri pela primeira vez os seus pitorescos caminhos. As passifloras se mostram, sobretudo, abundantes. Há uma espécie delas cujo delicioso perfume lembra o do jasmim do Cabo; esconde-se na sombra, mas é traída pelo seu perfume e, afastando-se os galhos, encontram-se na certa as suas grandes flores purpúreas e brancas, suas folhas espessas e seu caule escuro enroscando-se num tronco vizinho. Outra planta da mesma família parece antes atrair que evitar o olhar; tem uma cor vermelho vivo e as suas estrelas carmesins furam por assim dizer a folhagem densa da floresta. Quanto mais gozamos, porém, o encanto dessa vegetação, tanto mais e melhor sinto o valor das transições a que, nos nossos países do Norte, nos levam pouco a pouco as diferenças marcadas das estações. Neste mundo sempre verde, onde nada muda de aspecto e, de século em século, nenhuma diferença se assinala a não ser um pouco mais, um pouco menos de umidade ou de calor, lembro-me com gratidão do inverno e da primavera, do ve-rão e do outono. Parece-me incompleto o ciclo da natureza, e, dentro desta úmida e morna atmosfera, tenho pelas brumas do nosso céu uma recordação afetuosa. É rigorosamente verdade que não se pode dar dez passos sem transpirar. Isto, aliás, faz com que o calor não seja irritante, e não descobri motivo para modificar a minha primeira impressão: que, em suma, a temperatura daqui é muito menos prostante do que temíamos, sendo as noites invariavelmente frescas.