das águas é tão lento que apenas pode ser notado em muitos pontos do rio. Este, contudo, apresenta uma marcha lenta, porém, incessante para leste, e corre, ao longo da imensa planície suavemente inclinada dos Andes, para o mar, ajudado pelo afluxo intermitente dos tributários das duas margens que impelem a massa d’água para o norte durante os meses do nosso inverno e a fazem refluir para o sul na época do nosso verão.
Dessas alternativas, resulta que o fundo do vale se desloca constantemente; há tendência para a formação de ca-nais indo do grande leito aos seus tributários, como vimos entre o Solimões e o Negro e como refere Humboldt entre o Japurá e o Amazonas. Efetivamente, todos esses rios ligam-se entre si por uma rede de canais formando um enredado de vias de comunicação que tornarão para sempre, em grande parte, inúteis as vias terrestres.
Quando o país estiver povoado, será sempre possível passar do Purus, suponho eu, ao Madeira, do Madeira ao Tapajós, do Tapajós ao Xingu e deste ao Tocantins sem entrar no grande rio. Os índios chamam esses canais de furos, isto é, uma passagem que atravessa de um rio a outro. No dia em que o comércio tiver os seus interesses ligados a essa fértil região dominada pelas águas, esses canais serão de imensa vantagem para as comunicações interiores.