folhas colossais e suas admiráveis flores, cuja coloração vai do branco aveludado através de todas as gradações do rosa, até o púrpura escuro, para voltar, no centro, a uma cor leitosa um tanto amarelada. Não fatigarei o leitor com uma nova descrição. E, no entanto, não nos foi possível contemplá-la nas suas águas natais sem experimentar uma viva impressão diante do que se pode considerar o tipo do transbordamento luxuriante da natureza vegetal nos trópicos. Por mais maravilhosa que ela pareça quando admirada na bacia de um parque artificial, onde faz maior efeito pelo seu isolamento, tem, contemplada no meio que lhe é próprio, um encanto ainda maior, o da harmonia com tudo o que a rodeia, com a massa compacta da floresta, com as palmeiras e as parasitas, as aves de brilhante plumagem, os insetos de cores vivas e maravilhosas, com os próprios peixes que, escondidos nas águas, por baixo dela, têm suas cores não menos ricas e variadas do que as dos seres vivos do ar. Não me lembro de ter lido, em qualquer das descrições da vitória, nada que dissesse respeito ao engenhoso processo graças ao qual a superfície imensa da folha inteiramente desenvolvida se acha contida nas dimensões menores da folha muito mais jovem. Isso, entretanto, merece ser assinalado; é um curioso exemplo dos artifícios da natureza para reduzir os seus produtos mais volumosos a dimensões muito menores. Todos sabem que a folha colossal é sustentada por uma pesada armação de nervuras, quando adquire todo o seu desenvolvimento. No começo, essas nervuras, comparáveis às costelas duma embarcação, são relativamente delgadas, porém toda a verde formação que se desenvolverá está comprimida entre elas em camadas regulares de dobras delicadas. Nesta fase, o novo broto se encontra em posição muito profunda. Vai-se desenvolvendo e sobe lentamente a partir da base da planta primitiva em que nasce. Durante esse desenvolvimento apresenta a forma duma taça muito funda ou dum vaso; depois, à medida que as nervuras engrossam e que