prolongando-se dos Andes até o Atlântico, determina uma corrente muito forte em direção ao mar. Quando tais acumulações de material se produziram, a bacia era necessariamente fechada, pois, de outra forma, o material de transporte teria sido constantemente carregado para o mar.
Origem dos depósitos
Estou convencido de que tais depósitos se referem às fases antigas ou recentes do período glaciário e ao inverno cósmico. A julgar pelos fenômenos cujo encadeamento ele forma, esse inverno pode ter durado milhares de séculos; aí é que se deve procurar a chave da história geológica do vale amazônico. Bem sei que esta ideia vos parece extravagante. Mas, afinal, será isto uma coisa assim tão improvável? Pois então a Europa Central não foi coberta por uma crosta espessa de gelo de alguns milhares de pés; as geleiras da Grã-Bretanha trabalharam o fundo do oceano; as das montanhas da Suíça tiveram dez vezes a altura de hoje; todos os lagos do Norte da Itália estiveram atulhados de gelo, e massas congeladas se estenderam até o interior da África setentrional; um mar de gelo, atingindo o cume do Monte Washington, nas Montanhas Brancas, isto é, tendo uma espessura de perto de 1.800 metros (seis mil pés) se movia sobre a superfície do continente norte-americano, e seria, portanto, improvável que, nesta época de frios universais, o Vale do Amazonas tivesse, ele também, as suas geleiras calcadas na depressão do vale amazônico pelo acúmulo dos gelos na Cordilheira e engrossadas pela afluência de geleiras tributárias descidas dos planaltos da Guiana e do Brasil? O movimento dessa desmedida geleira deve ter se dirigido de oeste para leste, tanto pela pressão das neves acumuladas nos Andes como pela própria direção do vale. Deve ter trabalhado e trabalhar ainda o fundo do vale, triturando num pó fino todo o material que sob ela se achava, ou reduzindo-o a pequenos seixos. Deve ter acumulado em