No período glaciário essas depressões eram ocupadas pelos gelos que com o tempo, acumularam em seu limite inferior uma muralha de material de transporte. Tais muralhas ainda hoje existem e servem de dique ao escoamento das águas. Sem as morenas, todos esses lagos seriam vales descobertos. Temos, nos terraplenos da Escócia, o exemplo de um lago de água doce hoje completamente desaparecido, que se havia formado da maneira acima tratada e que se foi reduzindo sucessivamente a um nível cada vez mais baixo, pela ruptura ou arrastamento das morenas que, no começo, impediam que as águas escoassem. Admitamos que, devido à baixa temperatura do período glaciário, as condições de clima, necessárias à formação dum mar de gelo, existissem no Vale do Amazonas e que esse vale fosse, efetivamente, coberto por uma imensa geleira. Seguiu-se daí que esse mar de gelo, tendo passado mais tarde por variações gradativas de clima, se tenha fundido lentamente e que toda a bacia, fechada do lado do oceano por uma colossal muralha de detritos, se achou finalmente transformada num vasto lago de água doce. O primeiro efeito da fusão deve ter sido separar a geleira de suas fundações, erguendo-a acima do solo do vale com o qual estava outrora em contato imediato. Formou-se assim um vazio, imediatamente preenchido pelo acúmulo de certa quantidade de água, mas o vale não deixou de ser todo ocupado pela geleira. Nesse lençol d’água pouco profundo, insinuado sob os gelos e protegido por eles contra qualquer perturbação violenta, se depositaram materiais finamente triturados que se encontram no fundo de todas as geleiras e que o movimento dessas massas reduz às vezes a pó. A pasta não estratificada contendo as mais finas areias e a vasa misturadas aos seixos miúdos e grossos, se veio transformado aos poucos numa formação de estratificação regular. O material mais grosseiro ocupou necessariamente o fundo; os mais finamente triturados se precipitaram mais lentamente cobrindo os demais. Foi nessa época e nessas circunstâncias que, na