minha opinião, se acumulou a primeira formação do vale amazônico, a que encerra em suas camadas baixas areia e seixos e, nas suas camadas superiores, argilas finamente laminadas.
Aqui, poder-se-me-ia interromper para perguntar pelas minhas folhas fósseis e como qualquer espécie de vegetação se tornou possível em semelhantes condições. Não se deve, porém, perder de vista que a consideração de todo esse período supõe imensos lapsos de tempo e transformações progressivas, que o fim do primeiro período devia ser muitíssimo diferente do seu começo, e que uma rica vegetação cresce nos confins mesmos da neve e dos mares de gelo, na Suíça. O fato da acumulação de tais folhas numa bacia glaciária explica mesmo a um só tempo a ocorrência dos vestígios da vida vegetativa e a ausência — pelo menos a grande raridade — de restos animais nessas formações; porquanto, ao passo que as flores podem brotar e os frutos amadurecer na orla das geleiras, é bem sabido que os lagos de d’água doce formados pela fusão dos gelos são excepcionalmente pobres em seres vivos. Não se encontram, efetivamente, animais nos lagos glaciários.
A segunda formação pertence a um período posterior. Pertence a uma época em que, estando mais ou menos desagregada toda a massa de gelo, a bacia continha uma maior quantidade d’água. Mas, além da cheia do lago produzida pela fusão, a imensa bacia foi o recipiente de tudo o que a atmosfera condensava de vapores e vertia depois sobre ela, sob a forma de chuvas e orvalhos. Assim, pois, uma massa d’água, igual à que vertem no leito principal todos os tributários, se precipitava segundo o eixo do vale, procurando o seu nível e distribuindo-se por uma superfície mais vasta que a atual, até o dia em que, dividida enfim em cursos d’água distintos, correu sobre leitos separados. Nesse movimento geral de afluxo para a parte mais baixa e central do vale, a larga corrente d’água carregava todos os materiais bastante leves para serem transportados dessa forma