berlinda. Talvez o leitor, que não ignora a nossa caça às geleiras, possa reconhecer o santo que o major Coutinho está oferecendo:
-Este, senhor Padre, é um santo de fama; mas tem intenções as mais piedosas! E', ó meu Padre, um maravilhoso fazedor de milagres; enche de gelo todos esses vales, cobre de neve nossas montanhas nos dias mais quentes do ano, transporta as pedras da serra para o fundo dos vales, encontra animais nas entranhas da terra e reconstitui os seus esqueletos.
— Ah! responde o cura, é um grande santo realmente; é o que convém para a minha igreja. Deixe-me ver o rosto.
O lenço caiu e o santo necessariamente pagou a multa...
Ontem, depois do almoço, deixamos esses amáveis amigos e fomos, uma légua mais para o interior, à aldeia de Pacatuba, situada pitorescamente no sopé da Serra de Aratanha. Aí, tivemos a sorte de encontrar um "sobrado" (casa de dois andares) desocupado, onde nos alojamos para os dois ou três dias que contamos passar aqui ou nas redondezas. Mandamo-lo varrer, penduramos nossas redes nos quartos vazios que, afora um canapé de junco e umas cadeiras, não contém mobília alguma; mas se o interior da casa não nos proporciona o menor conforto, temos em compensação admiráveis pontos de vista das janelas.
Indícios de antigas geleiras. Serra de Aratanha
7 de abril. — Pacatuba. — Ficou resolvido que a exploração se limitaria às serras junto às quais nos achamos; toda gente nos diz que, no estado em que estão os caminhos, seria impossível ir a Baturité e voltar no cur-to prazo de tempo de que dispomos.
Agassiz não ficou desapontado com esse contratempo: uma viagem mais longa, diz ele, só poderia lhe proporcionar o fenômeno glaciário em maior escala; desde já ele o