Viagem ao Brasil, 1865-1866

queda é sempre iminente, eram mais difíceis de transpor que os rios. Só nos sucedeu, entretanto, um único acidente, tão pouco grave que causou hilaridade. Os negros nos haviam deixado, dizendo que não haveria mais perigo e que, quando penetrássemos no último riacho, poderíamos fazê-lo com toda a segurança, pois a profundidade era pequena. Pérfida como a onda! diz-se; justamente na margem havia uma porção de lama mole e adesiva; os cavalos a transpuseram, mas as suas pernas traseiras ficaram presas. O major Coutinho, que se achava a meu lado, segurou as rédeas do meu cavalo e, dando no seu uma violenta esporada, os dois animais se ergueram juntos num vigoroso esforço. O criado que vinha atrás foi menos feliz. Vinha montado numa pequena mula que, durante um momento pareceu ter sido tragada, tão completamente ela desapareceu no lodaçal; o homem caiu e passaram-se alguns minutos antes que o animal e ele pudessem ganhar a estrada, cobertos de lama e pingando água.



Volta à Cidade do Ceará

Finalmente, às cinco horas, estávamos em Ceará, depois de uma caminhada de cinco léguas (33 quilômetros). Todos nos asseguram que o estado em que encontramos as estradas foi um caso excepcional, pois havia anos que não se viam chuvas tão persistentes. As doenças não diminuíram e, na casa vizinha a nossa, um moço, que acabara de ser atacado de febre amarela, quando partíramos, faleceu durante a nossa ausência. Por todo o caminho, viemos ouvindo as mesmas lamentações causadas pela epidemia, e as autoridades acabam de fechar as escolas.