bem mais extraordinário que essa descendência haja apresentado na superfície do globo uma distribuição tão específica. Os Siluróides põem grandes ovos, e, abundantes como o são na América meridional, não nos faltará sem dúvida ocasião para conseguí-los. Nada se sabe sobre a reprodução dos Goniodontes. A embriologia desses dois grupos necessariamente lançará alguma luz sobre o problema de sua origem.
Outra família profusamente espalhada nas diferentes partes do globo é a das percas. Encontram-se por toda a América do Norte, Europa e Ásia setentrional, mas, a não ser na Austrália, não existe uma só nas águas do Hemisfério Sul. Ora, na América do Sul e na África, elas são reapresentadas por um grupo similar, o dos Cromídios. Esses dois grupos, pela sua estrutura, são tão vizinhos um do outro que parece natural pensar-se que os Cromídios se transformaram em percas, tanto mais que estas se estendem no Hemisfério Ocidental desde o extremo norte até o Texas, ao sul do qual são representadas pelos Cromídios. Nesse caso, a transição duma estrutura para outra parece tão fácil como a transição geográfica. Mas vejamos como as coisas se passam no Hemisfério Oriental. As percas abundam na Ásia, na Europa, na Austrália; os Cromídios faltam aí em absoluto. Como se pode dar que as percas hajam produzido Cromídios em tão grande abundância na América, quando para todos os outros continentes, exceção feita da África, são nesse particular absolutamente estéreis? Inverterei a proposição? Devo supor que as percas provenham dos Cromídios? Por que razão os seus antepassados desapareceram completamente da porção asiática do globo, ao passo que não parecem haver diminuído do lado de cá? Que se façam descender as percas e os Cromídios dum tipo comum desaparecido, tenho a dizer que a paleontologia nada sabe dessas pretensas formas ancestrais.