magníficas parecem traçados de propósito para servir, primeiro como força motriz para as serrarias a estabelecer em suas margens, e, depois, como meio de transporte para os produtos. Sem insistir mais sobre as madeiras, que se dirá dos frutos, das resinas, óleos, matérias corantes, fibras têxteis, que se pode facilmente conseguir na Amazônia? Quando estive no Pará, na minha volta aos Estados Unidos, acabava-se de inaugurar uma exposição de produtos do Amazonas como preparação para a grande Exposição Universal de Paris. Apesar de tudo o que eu, durante a minha viagem, já havia admirado da riqueza e variedade dos produtos do solo amazônico, fiquei assombrado quando os vi assim reunidos em conjunto. Destaquei, entre outras, uma coleção de 117 espécies diferentes de madeiras preciosas, cortadas dentro de uma área de menos de meia milha quadrada (75 hectares); entre essas amostras, havia algumas de cor escura, rica em veias, muito suscetível de receber um belo polido, tão admiráveis como o pau rosa ou o ébano. Havia grande variedade de óleos vegetais, notáveis todos pela sua limpidez e pureza, muitos objetos fabricados com fibras de palmeira e uma infinita variedade de frutas. Um Império poderia considerar-se rico com a posse somente de uma dessas fontes de indústria que abundam no Vale do Amazonas! E, no entanto, a maior parte dessas maravilhosas riquezas apodrecem no solo, vão formar um pouco do húmus ou tingir as águas em cujas margens esses produtos sem conta se perdem e decompõem! Porém, o que mais me surpreendeu foi ver que grande extensão da região se presta perfeitamente à criação do gado. Belos carneiros pastam as ervas das planícies ou sobre as colinas que se estendem entre Óbidos e Almeirim, e raramente comi carne melhor do que em Ererê, no meio dessas colinas. E com isso tudo, os habitantes de uma região tão fértil sofrem fome; a insuficiência dos gêneros de